segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Retrato oculto

Quando a noite cai, ele aparece

Com rosto sério e escuro, ele pede

Com as trevas dum lado e a luz doutro lado, ele não pede quieto, mas sim aos berros

Não é luva nova, nem lua velha,

É lua cheia, cheia de noite, cheia de dor

O sofrimento de toda uma época, de toda uma vida,

Faz-se presente com e por ele

Qualquer um notaria

Até uma pedra notaria

Contudo, como tudo passa, "passempre",

Nem o seu filho viu,

Nem a sua esposa viu,

Nem o seu cachorro viu,

O que ele se tornou

Tornou-se fera por dentro, enquanto, por fora, homem continuava

Tornou-se noite por dentro, enquanto, por fora, luz ainda era

Como berrar quieto?

Para ele sempre foi fácil

Gritava por dentro, porém permanecia quieto e sério por fora

Essa foi a sua vida

Assim partiu a sua alma

Triste e abandonada, deixou o corpo exprimido entre as pedras

Pedras,

penhasco,

noite,

janela,

olhar,

soluços ao luar

Tudo quieto ficou, até o baque do corpo soar.

2 comentários:

Marco Fabretti disse...

não só de filosofia vive o homem!

gostei!

abraço

Fabiano Queiroz da Silva disse...

rsrs
Valeu, Marcão!
Abraço!